2.11.2011

Das Insólitas Formas de Amor

"Agora, Karenine já estava à espera na entrada, com os olhos pregados no cabide onde a coleira e a trela estavam penduradas. Tereza pôs-lhe a coleira e foram às compras. Comprou leite, pão, manteiga e, como sempre, um croissant para o cão. À volta, Karenine vinha ao meu lado, com o croissant na boca: todo inchado, olhava em torno de si, todo encantado por ser o alvo das atenções gerais e por saber que as pessoas passavam o tempo a apontar para ele.
Depois de chegar a casa, o cão ficava a espreitar à porta do quarto com o croissant na boca, à espera que Tomas se apercebesse da sua presença, se pusesse de gatas, começasse a rosnar e a fingir que queria tirar-lho. Dia após dia, repetia-se a mesma cena. Passavam uns bons cinco minutos a correr um atrás do outro pela casa toda, até que Karenine ia refugiar-se debaixo da mesa para devorar o seu croissant a toda a velocidade."

Milan Kundera, a insustentável leveza do ser

3 comentários:

Vita C disse...

o que eu chorei com esse livro e com essa cadela ...

Cat disse...

acabei de o ler hoje e, de todas as possíveis frases lapidares que o livro tem, esta é incontornável ... é uma incrível imagem de partilha, alegria e dedicação!

x disse...

sem dúvida e perfeito com a fotografia :). *