10.25.2010

Emancipação

Ontem emancipei-me definitivamente!
O que espoletou (obrigada Gersão pela tua infinita sabedoria =) o verbo deriva da palavra "espoleta" e, aparentemente, o verbo "despoletar", apesar de dito amiúde, não consta do dicionário) tal acontecimento? Ter tido de passar os meus lençóis a ferro!
Aparentemente é um acontecimento trivial, sobretudo quando, há muito, aprendi a gerir as tarefas domésticas: desde adolescente que a minha roupa é segregada, cabendo-me cuidar dela semanalmente, limpo a casa - sem os progenitores presentes porque não gosto que me importunem e questionem os meus métodos -, cozinho ... mas passar a ferro os lençóis é um marco.
Vivendo numa casa que funciona em esquema de residência de estudantes, habituei-me a não dar como certa a existência de provisões no frigorífico e a ver o pó acumular-se nas prateleiras até que alguém, atacado por alergias incapacitantes, se veja obrigado, entre espirros e olhos lacrimejantes, a fazer a limpeza anual. Tal como me habituei a só comer torradas e a gostar de côdeas de pão seco - aliás, quanto mais secas melhor, o que só pode entender-se como uma manifestação de um apurado instinto de sobrevivência, prova irrefutável da evolução das espécies (para quem ainda tinha dúvidas)!
Mas ter de passar a ferro os meus lençóis é um inédito e consubstancia uma viragem fulcral no meu processo de crescimento, provando em definitivo que me basto a mim mesma.
Os progenitores surgem, hoje, apenas como indicadores do índice de subversão do sistema relacional que instituímos em nossa casa.

3 comentários:

Gersão disse...

Passar os próprios lençóis a ferro = Emancipação

Vou confiar em ti :p

(by the way, tens jeito para a prosa:)

Cat disse...

atendendo a que era das poucas coisas que não fazia, pode dizer-se que consubstancia uma verdadeira e própria emancipação ... para além de todas as outras coisas, também esta agora se inclui na lista de tarefas, mesmo com os progenitores presentes! É estranho ... nunca pensei que este dia chegasse!

. disse...

abaixo o apartheid de guarda-roupa na nisqueira!