1.31.2011

Amy Winehouse


Fuck Me Pumps

1.30.2011

Revisitar Janis


Não que não goste de Joss Stone - canta muito - mas a voz da Melissa na Piece of My Heart bate tudo. É uma presença incrível e tem uma força inspiradora.

1.28.2011

Com Um Brilhozinho Nos Olhos


Sérgio Godinho

1.27.2011

Monólogos II

Desde cedo, ser o centro das atenções fora o seu objectivo. Nunca tentou escudar-se em falsos bons intentos para explicar esse protagonismo que procurava, simplesmente limitava-se a reconhecer essa espécie de poder magnético e a usá-lo em seu favor. Sabia dos seus “encantos” e servia-se deles para colmatar as suas inseguranças, para construir certezas temporárias que sempre tinham de ser renovadas a cada passo, de tão frágeis.
Sabia que diziam ser fútil, a típica “cara bonita” – ingénuos aqueles que mais não conseguiam ver do que o seu bambolear hipnótico – mas também não era para saberem dos seus olhos profundos que as cabeças se viravam para a cumprimentar.
Ao “público” dá-se aquilo que ele deseja ver, aquilo que ele está preparado para aceitar e digerir. Foi essa aguda consciência que a fez escolher aquele vestido vermelho bem escuro e, mais uma vez, retocar a maquilhagem.
Esplêndida entrou no salão, as conversas cessaram subitamente e sentiu o peso dos olhares concentrados nela, tal como perspectivara. Sorriu, mostrando os seus dentes pérola debruados pelo vermelho perfeito dos seus lábios.
O sorriso angelical que contrastava com a sua voluptuosidade era o motivo do burburinho que logo invadiu a sala.
O latente mistério dos seus olhos, porém, denotava uma inquietude que apenas poderia escapar aos que, julgando-a fútil, eram eles próprios superficiais e não conseguiam ver nela o reflexo da sociedade que promoviam, de tão seguros do seu intelecto.

1.25.2011

A Pesquisar


Have you heard it before?

Daniel Johnston - True Love Will Find You in the End

1.24.2011

Crónica do Amor Findo


"E depois do Adeus", Paulo de Carvalho

1.21.2011

Monólogo I

- “Então se sabias, onde fica, no meio de tudo, a tua famigerada pureza? Quem é que é puro no meio disto tudo? Qual de nós? Não nos vendemos todos uns aos outros da maneira mais porca e miserável?”*

Ele disse.

Volto para casa com o dia a amanhecer e nada de auspicioso me ocorre … Um bafo de realidade torna os recantos escuros ainda mais soturnos e a miséria mais latente.
Quero libertar-me do peso da noite e dos olhares lascivos que persisto em ignorar, mas não me é possível, sobretudo com aquela frase lapidar a matutar na minha cabeça.
Posso reduzir esta constatação ao seu aspecto mais mercantilista – e aí mais não serei do que uma peça num jogo em que perversão e sordidez se cruzam, usando-me como moeda -, porém, o que verdadeiramente me inquieta é o seu tom profético e retumbante.
Quando a pronunciou, achei que exagerava – demasiado negro – e que, algures, a pureza manteria o seu reduto. Afinal, na vida dos outros, tudo é possivel!
No entanto, a dúvida instalou-se e agora equaciono que talvez esteja certa a assunção de que, por mais nobres e altruístas que sejam os intentos, sempre são veículos dos nossos mais profundos, egoístas e inconfessáveis objectivos.
A ser assim, ele tem razão, tudo é transaccionável: corpos, amores … e mesmo convicções.

*Jorge de Sena, “Sinais de Fogo”

1.20.2011

Venham Mais Cinco


Zeca Afonso

1.19.2011

Pensamento do Dia




Silicone para mim, só nos pés.



1.18.2011

Versos

"Fiz dos teus cabelos a minha bandeira
Fiz do teu corpo o meu estandarte
Fiz da tua alma a minha fogueira
E fiz do teu perfil as formas de arte"

Voz Amália de Nós, António Variações


Na música, estes quatro primeiros versos passam despercebidos, mas dela retirados fica a sua intensidade e síntese de uma espécie de amor profundo.

1.14.2011

Do I Move You


Nina Simone

Porque os blues não tratam só de desgostos!

1.13.2011

Deliciosamente Errado

“(...) Querem alguém que lhes crie vontade de mudá-los. E para querer mudá-los, algo tem de estar deliciosamente errado à partida. É aquilo que está errado nas pessoas por quem nos apaixonamos – o orgulho, o egoísmo, a personalidade, a teimosia, a mania que manda e tudo mais – que nos faz apaixonarmo-nos por elas. Quem quer apenas um “companheiro” torna-se sócio de um clube de campismo ou de bridge”, Miguel Esteves Cardoso

    Procuras realmente na outra pessoa sarna para te coçares?!
    Se calhar é precisamente isso que procuro... “Mas estás parva? Será que não vês o quão estúpido é, sabendo tu desses defeitos, ainda assim, deixares-te envolver?”, dizem-me. Geralmente respondo: “E quê?”, em última instância é a mim que cabe a decisão e sou eu a arcar com as suas consequências, portanto, porque não tomar a meu cargo um projecto ambicioso?!
    Acresce que me reconheço alguma superioridade moral e, como tal, é legítimo pensar que posso efectivamente mudar alguém. (Silêncio sepulcral) Não … estou a brincar. Realmente, limito-me a reconhecer que me incluo no grupo dos orgulhosamente parvos, de feitio terrível que amuam e dedicam grande parte dos seus dias a morder o seu próprio rabo, cultivando com amor a sua “neura” e alimentando-a com hipóteses inviáveis.
    Consequentemente, onde haja uma personalidade problemática, lá estarei a analisar, deliciada, todos os defeitos e disfuncionalidades, tirando notas. No fundo, o modus operandi é o dum biólogo que, objectivamente, analisa os espécimes à sua volta, exclui aqueles que a ciência já documentou e fica apenas com os restantes, os estranhos … com carinho, apelido-os de milagres da natureza – os realistas chamar-lhes-iam aves raras, ou, nos casos mais extremos, bicheza miúda.
    Adoro os pequenos e os grandes defeitos!
    Claro está que acabo por coleccionar uma série de personagens que não têm ponta por onde se lhe pegue e para as quais não há remédio - sobretudo porque a sua teimosia em não mudar é directamente proporcional à minha crença na sua mudança.
    Todavia, se o basófias fosse mais contido e percebesse que todos sabem que ele é faroleiro, se o infantil compreendesse que tem de largar os cueiros e cortar laços, para assim crescer, se o pessimista fizesse algo pela vida, ao invés de se queixar do seu azar kármico, e o traumatizado se deixasse de merdices, seriam perfeitos.
    Mas já são "se's" a mais ... o que me lembra o que uma pessoa, um dia, muito prosaicamente me disse: "Se a minha avó tivesse rodas era uma camião"! 

1.11.2011

Erva Daninha A Alastrar


Estranho os sintetizadores - ainda que admita que a tal esteja subjacente um certo preconceito musical - mas esta capacidade de sintetizar as mais intrínsecas angústias espanta-me cada vez que o ouço.

1.08.2011

Arcade Fire - Neighbourhood 1 (Tunnels)


A música que faz o meu coração ficar apertadinho ... Acho que terá sempre esse efeito em mim!

1.05.2011

Take a walk on the wild side


Música de amanhecer, quando o mundo é uma porta aberta.
Lembra-me dias de chuva, as luzes do carro da frente que, em marcha lenta, contempla os corpos que se pavoneiam nos passeios.
Dias em que a evasão é uma possibilidade latente.
Então, chego a uma conclusão:
a decadência está sempre presente, todavia, só essa consciência aguda permite uma mudança e a verdadeira catarse ... daí que a decadência me ofereça mais esperança do que o puritanismo, tantas vezes alheio ao que de mais natural e primário existe em nós!